sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Qual é o limiar entre publico e privado?






Qual é o limiar entre publico e privado?

Em 2008 realizei uma obra de arte no espaço público que chamei “Ambiente Urbano”. Visualizei a possibilidade de atuar sob uma calçada larga na Rua Lauro Linhares – Trindade – Florianópolis. Nela, como é habitual, haviam sido instalados cavaletes (fradinhos), mobiliário comum na atualidade, os quais são utilizados como mecanismos para impedir que o local se transforme em estacionamento. Eles foram apropriados pela ação artística e transmutados em bancos, uma forma de justificar aquelas estruturas, e de beneficiar as pessoas que caminham pela rua árida, sem espaços de convivência. Ao limiar entre público e privado, um muro de granito. Considerei um suporte muito interessante para propor uma reflexão acerca da cidade. Nele existiam negativos que foram retirados e substituídos por outros com frases relatando a importância do conhecimento da cidade e reflexões poéticas sobre sua ocupação . A intenção era discutir claramente a negação da rua, e as consequências dessa negação.

Precisei submeter à aprovação da obra a COMAP-IPUF e também a SUSPE. Documentei a autorização de que ela poderia ser parcialmente retirada, no caso do alargamento da Rua Lauro Linhares, mesmo porque com o alargamento os fradinhos seriam retirados, e não haveria mais a necessidade de refletir sobre a necessidade de sua utilização.
Em 2010 a obra de arte “Ambiente Urbano” de forma completamente arbitrária, foi parcialmente retirada. A administração do Residencial Piemonte retirou os dois bancos e curiosamente retirou a frase, que ficava próximo da portaria e que dizia: “Qual é o limiar entre publico e privado?” O fato da frase ter sido removida, dada a complexidade do processo - substituição do negativo jateado, por outro liso - é um fator no mínimo intrigante. O trabalho fez parte de um artigo apresentado no II Seminário arte & Cidade, 2008, intitulado: Arte Propondo Lugares De Convivência Na Cidade.

Existe um vídeo no youtube, intitulado AMBIENTE URBANO, e entre 2:47 e 3 min, está a frase que foi retirada arbitrariamente da obra de arte “Ambiente Urbano”:

http://www.youtube.com/watch?v=zHy5mu3QuGY

Um comentário:

  1. É isso aí Giovana, não se pode ficar calada vendo aqueles que se apropriam do que querem quando julgam conveniente, depredarem algo que julgam inconveniente aos seus interesses privados. Interessante é que esse algo depredado desse caso, se refere a uma obra pública, afinal essa obra de arte não era um patrimônio público? Perdemos os banquinhos, perdemos o questionamento que poderia estar acionando consciências, mas não podemos perder nossa capacidade de reagir à injustiças, sejam elas quais forem. Abaixo as atitudes autoritárias e covardes! Parabéns pelo trabalho, belo trabalho!! Betânia Silveira.

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