domingo, 4 de setembro de 2011

apoena : aquele que enxerga longe



apoena : aquele que enxerga longe

Instalação em espaço público - obra de Giovana Zimermann

A concepção da proposta está vinculada ao conceito ecológico do edifício e a experiência do espaço arquitetônico propriamente dito. Durante o processo criativo (que vem sendo maturado desde 2009), algumas informações possibilitaram-me estabelecer uma série de relações que serão demonstradas na instalação, que irá permear a arquitetura envolvendo a fruição do usuário com o assunto ecologia.
Qualquer atitude ambiental que possa estimular a capacidades cognitivas dos indivíduos de perceberem o mundo de uma maneira ambiental, só pode ser estimulada. O projeto arquitetônico do Ed Premier recebeu certificação da Max Ambiental S. A. por compensar as emissões de carbono previstas pela construção com o plantio de árvores nativas no bioma da Mata Atlântica.
Do ponto de vista urbanístico, a Arquiteta Patrizia Chippari ressalta que a extensão da calçada interna é uma atitude de “generosidade urbana”. Entendo que a generosidade urbana, e a compreensão da cidade democrática, aprazível e inclusiva, a visão do espaço público inspirador de sentimentos de pertencimento nas pessoas e de responsabilidade social e ambiental, porque não? Percebi que o conceito da obra de arte precisava trilhar essas iniciativas, estimulando as interpretações da experiência do indivíduo e da sociedade nas suas relações com o ambiente, fatores que tornaram o hall um campo ampliado para a fruição do público em relação à obra de arte.

O LUGAR
Proponho uma instalação que incorpore toda parte externa do hall que mantém contato com o público, favorecido pela segunda calçada. Ao fundo as paredes são revestidas em formiline (material que simula a madeira), e serão utilizadas como suporte para a obra.

HEVEA BRASILIENSIS
Ao lado esquerdo estará localizada uma escultura que ocupará toda a altura da parede bem como parte do solo. Funcionará como o látex extraído da seringueira (hevea brasiliensis). A escolha da seringueira foi em virtude da sua auto-preservação, por ser uma árvore que se impõe pela utilidade como produtora de seiva, e porque deixa marcas importantes no próprio tronco. Na obra, o hipotético látex escorre para o chão.

MEMORIAL/OBSERVATÓRIO.
Ao lado direto proponho a utilização da parede do hall como MEMORIAL, suporte para a inscrição dos nomes de árvores nativas e seus respectivos nomes científicos. Pensei em utilizar os nomes indígenas, porem é importante ressaltar no trabalho a transição entre ciência e natureza. A idéia é justamente propiciar um ambiente do homem da cidade, que delega muitos poderes à ciência em nome de maior comodidade, e não está enxergando os desequilíbrios que essa “comodidade” está lhe devolvendo.
Quando a palavra seringueira - hevea brasiliensis aparecer, distinguir-se-á das outras em tamanho ou espessura.

APOENA - observatório:
Apoena é uma palavra da língua tupi guarani, que significa: “aquele que enxerga longe”. A palavra será gravada em uma moldura de vidro na superfície de uma escultura cilíndrica feita de: aço inoxidável vidro e luz. Dela será possível ter a prospecção para uma fotografia aérea da Mata Atlântica realizada pela fotógrafa Priscila Forone .

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito com a instalação é o de combinar o conjuntos dos dois elementos, a propriedade de um ressaltando a do outro, remetendo a relação entre a forma e o conceito. O látex tem um apelo visual e até tátil, porém a imagem da floresta necessitará do interesse do público, que poderá ser despertado pelo contexto da instalação ou não. A liberdade de escolha de olhar ou não olhar. Atitude que pode ser remetida à postura do público espectador/expectador frente às questões ecológicas (enxergar longe ou não). A relação entre a obra de arte e o espaço no qual ela é exposta. Dentro e fora. Visto e não visto.

Giovana Zimermann
junho de 2011


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