terça-feira, 14 de abril de 2009

AMBIENTE URBANO


Em uma circunstância específica, visualizei a possibilidade de atuar sob uma calçada larga, em frente a uma rua movimentada, de um bairro de Florianópolis. Nela, como é habitual, haviam sido instalados cavaletes (fradinhos), mobiliário comum na atualidade, os quais são utilizados como mecanismos para impedir que o local se transforme em estacionamento. Ao limiar entre público e privado, um muro de granito, um suporte muito interessante para propor uma reflexão acerca da cidade.

A proposta desta interferência foi atuar sobre esses dois pontos: duas estruturas (fradinhos), que foram apropriados pela ação artística e transmutados em bancos. Os assentos foram confeccionados em fibra de vidro, de cor branca, pois a intervenção demandava sutileza. No muro já existiam negativos de 2 cm, que dividiam as placas utilizadas para o revestimento. Estes negativos foram retirados e outros foram instalados, estes com 7 cm, e neles frases gravadas, falando da importância do conhecimento da cidade e reflexões poéticas sobre sua ocupação.

A proposta consistia no desenvolvimento de condição para um ambiente urbano de pausa e reflexão para quem transitasse por aquela rua, com o intuito de que, também aquela parte da cidade pudesse estar contaminada culturalmente, incorporando a idéia da cidade como um sistema de informação.

Giovana Zimermann

A LÍNGUA











A LÍNGUA

A divisão social estanque apresenta-se cada vez mais acentuada, na era da reurbanização, os parques públicos estão sendo abandonados e, os condomínios projetam suas áreas de lazer, de certa forma, tirando do poder público a obrigação da revitalização dos parques públicos.


A arte tem se ocupado das questões de cunho social quando reivindica estar entre as pessoas, atuando como propositora de experiências individuais e coletivas para os espectadores. Através da arte pública surge a oportunidade de materializar essas aspirações, nos usos coletivos de projetos artísticos. Esta escultura que denomino “A Língua”, foi uma oportunidade de colocar no espaço público um objeto lúdico, uma provocação, mas antes de tudo, um “lugar” para promover a multiplicidade das práticas sociais dos diferentes grupos que habitam a cidade.


O lugar é uma praça pública em um bairro de ocupação mista: universidade, empresas e residências. O objeto com dez metros é uma língua gigante, um objeto sensual, sensorial, e até certo ponto irônico. Oferta-se ao público, inicialmente pela estética, ilustrando a paisagem, no entanto o que está em jogo é interatividade, um escorregador gigante para crianças e adultos, toda a estrutura pode ser utilizada, nele é possível fazer outros usos, as pessoas, que por ali caminham, podem se alongar ou subir sobre ele para do alto observar a paisagem.