quarta-feira, 15 de julho de 2009

ARTE E PÚBLICO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA


ARTE E PÚBLICO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA


A inserção de obras de arte no espaço público tem sido uma estratégia para humanizar as cidades. Nos anos 80, houve um forte impulso das políticas culturais na direção da Arte Pública, especialmente em cidades européias. “Berlim e Düsseldorf, mantêm um programa constante de instalação de obras plásticas em ruas e parques com o objetivo de desbanalizar o cotidiano e possibilitar a população um momento de reflexão e projeção numa outra dimensão existencial”. (Coelho, 2004: 49)

Na contemporaneidade a Arte Pública não se ocupa mais de ser somente monumental. A cidade é composta por diferentes grupos e cada um com sua atuação e interesse específico. A arte em sintonia com essa diversidade, e ciente da realidade estratificada em que vivemos, revela novas perspectivas que vão além do ornamento e podem inclusive desencadear um choque estético-cultural, propiciando reflexão sobre a nossa existência, instigando a sociedade e provocando as consciências.

Essa divisão social estanque apresenta-se cada vez mais evidente. Na era da reurbanização, os parques públicos estão sendo abandonados e, por conta disso, os condomínios projetam suas áreas de lazer, tirando a responsabilidade do poder público de revitalização desses parques. Cabe ao urbanismo atuar, literalmente, na esfera espacial, para a estruturação do urbano. A arte pode intervir sutilmente, de forma metafórica, propondo ações, construindo “parênteses” que funcionem como espaço ficcional, deixando suspensas as fronteiras com o espaço real. Alguns lugares considerados “ocupados” dentro da cidade podem e devem continuar sendo lugares das expressões sociais, e o nosso grande desafio é saber como ocupá-los. Através da Arte Pública é possível materializar algumas aspirações de usos coletivos em projetos artísticos.

Um exemplo é o que chamo de “lúdico e afectual” que foram algumas propostas interativas instaladas no espaço público de Florianópolis. Meu objetivo é a relação entre obra e público, para promover o “encontro” que se estabelece no âmbito da contemplação, da reflexão ou mesmo da apropriação temporária dos objetos, pois o que está em jogo nessas propostas é a receptividade das pessoas que habitam a cidade. “Um dos traços necessários a plena caracterização da Arte Pública é o fato de oferecer-se como possibilidade de contato direto, físico, afectual, com o público”. (Coelho, 2004:50)

Essas são algumas iniciativas no sentido da qualificação do espaço público, como estratégia para humanizar a paisagem, promovendo a multiplicidade das práticas sociais e proporcionando espaços mais significativos para a convivência da população. Contudo as possibilidades de atuação da Arte Pública contemporânea não têm limites, desde que as propostas levem em conta o diálogo com o vasto suporte que é a cidade.

Giovana Zimermann
Julho de 2009

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