terça-feira, 24 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
SANEAMENTO BÁSICO
“todos os que têm o privilégio de investir no jogo (em vez de serem reduzidos a indiferença e à apatia do apolitismo), para não correrem o risco de se verem excluídos do jogo e dos ganhos que nele se adquirem, quer se trate do simples prazer de jogar, quer se trate de todas as vantagens materiais e simbólicas associadas a posse de um capital simbólico, aceitam o contrato tácito que está implicado no fato de participar do jogo, e o reconhecer deste modo como valendo a pena ser jogado, (...)” (BOURDIEU. 2007, p.172- 173).
Instalação da obra Saneamento Básico, 2009.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Corpografia, a Escrita Gestual na Cidade
Corpografia, a Escrita Gestual na Cidade[1]
Para Milton Santos na grande cidade, hoje, o que se dá é tudo ao contrário.
"Quem na cidade tem mobilidade – e pode percorrê-la e esquadrilhá-la – acaba por ver pouco, da cidade e do mundo. Sua comunhão com as imagens freqüentemente pré-fabricadas, é a sua perdição. Seu conforto que não desejam perder vem exatamente dessas imagens. Os homens “lentos’, para quem tais imagens são miragens, não podem, por muito tempo, estar em fase com esse imaginário perverso e acabam descobrindo as fabulações". (Santos apud Jacques, P. 1998, p: 134).
Os “homens lentos” que Milton Santos se refere, não estão motorizados, caminham a pé pela cidade. Em vez de se deslocarem de um ponto a outro, velozmente de automóvel, percorre inúmeros pontos, conhecidos e desconhecidos, praticando a cidade também de forma diferente daquela programada para a circulação comercial. Para Certeau o simples caminhar do pedestre sugere um “espaço de enunciação”, ele define o espaço como um “lugar praticado”[2]. (Certeau apud Pallamin, V. 2000, p: 38).
[1] Giovana Zimermann
[2] Nessas práticas, Certeau também inclui os discursos relacionados a estes espaços (dentre os quais as “histórias espaciais”, isto é, narrativas dos usuários envolvem tais espaços). Paola Berensten. Corpos e Cenários Urbanos Territórios urbanos e políticas culturais. Salvador: Editora da Universidade Federal da Bahia, 1998, p:119.
[3] “Paradoxalmente, o retorno do observador ao campo de observação, não se efetua pela via das ciências humanas, nem mesmo pela filosofia, mas pelo viés da física moderna que reintegra a reflexão sobre o sujeito da atividade perceptiva, como condição de possibilidade da própria atividade científica. Heisenberg mostrou que não se pode observar um elétron sem criar uma situação que o modifique. Em 1927 ele criou seu famoso princípio da incerteza”.[3] (LAPLANTINE, F.1996.p:128)
[4] Termo que foi proposto por Alain Guez Durante o Seminário de preparação ao colóquio “L´habitar dans as poétique première”. (EHESS – Paris, 2005/Cerisyla-Salle, 2006)
quarta-feira, 15 de julho de 2009
ARTE E PÚBLICO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
A inserção de obras de arte no espaço público tem sido uma estratégia para humanizar as cidades. Nos anos 80, houve um forte impulso das políticas culturais na direção da Arte Pública, especialmente em cidades européias. “Berlim e Düsseldorf, mantêm um programa constante de instalação de obras plásticas em ruas e parques com o objetivo de desbanalizar o cotidiano e possibilitar a população um momento de reflexão e projeção numa outra dimensão existencial”. (Coelho, 2004: 49)
Na contemporaneidade a Arte Pública não se ocupa mais de ser somente monumental. A cidade é composta por diferentes grupos e cada um com sua atuação e interesse específico. A arte em sintonia com essa diversidade, e ciente da realidade estratificada em que vivemos, revela novas perspectivas que vão além do ornamento e podem inclusive desencadear um choque estético-cultural, propiciando reflexão sobre a nossa existência, instigando a sociedade e provocando as consciências.
Essa divisão social estanque apresenta-se cada vez mais evidente. Na era da reurbanização, os parques públicos estão sendo abandonados e, por conta disso, os condomínios projetam suas áreas de lazer, tirando a responsabilidade do poder público de revitalização desses parques. Cabe ao urbanismo atuar, literalmente, na esfera espacial, para a estruturação do urbano. A arte pode intervir sutilmente, de forma metafórica, propondo ações, construindo “parênteses” que funcionem como espaço ficcional, deixando suspensas as fronteiras com o espaço real. Alguns lugares considerados “ocupados” dentro da cidade podem e devem continuar sendo lugares das expressões sociais, e o nosso grande desafio é saber como ocupá-los. Através da Arte Pública é possível materializar algumas aspirações de usos coletivos em projetos artísticos.
Um exemplo é o que chamo de “lúdico e afectual” que foram algumas propostas interativas instaladas no espaço público de Florianópolis. Meu objetivo é a relação entre obra e público, para promover o “encontro” que se estabelece no âmbito da contemplação, da reflexão ou mesmo da apropriação temporária dos objetos, pois o que está em jogo nessas propostas é a receptividade das pessoas que habitam a cidade. “Um dos traços necessários a plena caracterização da Arte Pública é o fato de oferecer-se como possibilidade de contato direto, físico, afectual, com o público”. (Coelho, 2004:50)
Essas são algumas iniciativas no sentido da qualificação do espaço público, como estratégia para humanizar a paisagem, promovendo a multiplicidade das práticas sociais e proporcionando espaços mais significativos para a convivência da população. Contudo as possibilidades de atuação da Arte Pública contemporânea não têm limites, desde que as propostas levem em conta o diálogo com o vasto suporte que é a cidade.
Giovana Zimermann
Julho de 2009
quarta-feira, 6 de maio de 2009
ARTE PÚBLICA LARGO VICTOR MEIRELLES
PARA VER CLIP DO CURTA-METRAGEM CLIQUE AQUI: http://dajanelaentreavisualidadeeaomisso.blogspot.com/2009/05/blog-post.html
terça-feira, 14 de abril de 2009
AMBIENTE URBANO
Em uma circunstância específica, visualizei a possibilidade de atuar sob uma calçada larga, em frente a uma rua movimentada, de um bairro de Florianópolis. Nela, como é habitual, haviam sido instalados cavaletes (fradinhos), mobiliário comum na atualidade, os quais são utilizados como mecanismos para impedir que o local se transforme em estacionamento. Ao limiar entre público e privado, um muro de granito, um suporte muito interessante para propor uma reflexão acerca da cidade.
A proposta desta interferência foi atuar sobre esses dois pontos: duas estruturas (fradinhos), que foram apropriados pela ação artística e transmutados em bancos. Os assentos foram confeccionados em fibra de vidro, de cor branca, pois a intervenção demandava sutileza. No muro já existiam negativos de 2 cm, que dividiam as placas utilizadas para o revestimento. Estes negativos foram retirados e outros foram instalados, estes com 7 cm, e neles frases gravadas, falando da importância do conhecimento da cidade e reflexões poéticas sobre sua ocupação.
A proposta consistia no desenvolvimento de condição para um ambiente urbano de pausa e reflexão para quem transitasse por aquela rua, com o intuito de que, também aquela parte da cidade pudesse estar contaminada culturalmente, incorporando a idéia da cidade como um sistema de informação.
Giovana Zimermann
A LÍNGUA
A divisão social estanque apresenta-se cada vez mais acentuada, na era da reurbanização, os parques públicos estão sendo abandonados e, os condomínios projetam suas áreas de lazer, de certa forma, tirando do poder público a obrigação da revitalização dos parques públicos.